Disse o homem: - "haja deus!" - e houve deuses.

Ao ler a passagem que narra a fundição do bezerro de ouro, muitos de nós se questionaria – desapontados – como pode Aarão tomar parte em tudo aquilo? Mas, olhando o cenário atual, podemos ver que a atitude idólatra daquele patriarca fez escola – eu diria que já fez até doutorado e pós-doutorado. O homem tem uma expectativa tão própria quanto à forma de Deus agir, que ele molda seu próprio deus, pois o Senhor não satisfaz esses desejos pecaminosos humanos.

Não é por que desejamos algo que Deus irá fazer, “mas não tem problema! Se Deus não faz o que quero, faço o meu deus.” É daí que temos um deus para os gananciosos; outro para homossexuais; para os carentes; para os que tem sede de poder; para preguiçosos; enfim, existe um deus para cada tipo de pecado que alguém queira satisfazer.

O homem não tem mais o temor de querer se amoldar a Deus. Agora, ele molda um deus que se enquadre em suas expectativas e desejos. A máxima de nossos dias: “cada um na sua”, gerou uma igreja doente e cheia de bezerros de ouro. Já que o Senhor não atende nossa sede por dinheiro, sexo, catarse, poder, e até mesmo por coisas justas, como uma vida familiar mais harmoniosa e coisas do tipo, tendemos a construir um deus que atenderá nossos desejos. Nossa relação com Deus tem sido de modo tão forçado que se cria promessas e leis espirituais que nunca foram proferidas pelo Senhor, mas, ainda assim, atribuímos a ele. Aliás, espertalhões, de olho no mercado da ganância e das carências, já perceberam que podem tirar proveito disso, proferindo os mais baixos absurdos e torpezas em nome do Senhor.

Não tenho pena de muitos que adentram esses templos cheios desses deuses. Essas pessoas estão se movendo pelo amor às coisas, por suas paixões, não por amor a Deus. Falamos da Índia com seus milhares de deuses, mas por que não falar da igreja evangélica brasileira, com seus milhões de milhares. Sim! Pois em grande parte, repousa um deus diferente para cada um que se diz crente. A “crentinisse” é tão espalhada, que já vemos não só teologias da prosperidade, adoração extravagante, G12, R12, apóstolos, paipóstolos, como há os sindicatos de pastores! A igreja tem cada vez menos cara de Igreja, e cada vez mais a cara de nossas paixões e desejos mundanos – fico imaginando o próximo passo: a exigência de que se enquadre os pastores no regime celetista? Interessantemente, quanto mais se aproxima o Dia, mais os crentes se apegam a este mundo, como se sentissem saudades do lugar de onde serão arrebatados.

Mas, enquanto tudo isso não acontece, nossos lugares de adoração se tornaram lugares de abominação. É tanta carne, que nem um sumo-sacerdote do AT, com mais de 50 pentecostes nas costas, suportaria. O culto ganha formas ao gosto das pessoas, não ao gosto de Deus. A Bíblia fala da sujeira do coração humano, mesmo do regenerado, e as pessoas insistem em dizer que “o culto verdadeiro vem do coração”. Pois é, abandonamos o extremo da liturgia cheia de tradicionalismos sem base bíblica, para uma liturgia espontânea, tão anti-bíblica ou mais, mas cheias daquilo que vai em nosso coração – e o que vai em nosso coração?:

Falsas profecias, ganância, luxúria, mentiras, sede de poder, carências, enfim, tudo aquilo que deveria ser suplantado pela suficiência em Deus, ocupa nosso coração. Enquanto isso, estamos querendo que ele nos satisfaça dando essas coisas e que se contente com algumas orações cheias de heresias e cultos mais voltados para o entretenimento, do que para a contemplação de sua glória na obra de salvação. Queremos que Deus aja segundo nossos desejos, mas quando nos deparamos com o fato de que ele não o faz, iniciamos um processo de auto-engano, e criamos um ídolo chamado: Iavé, Jesus Cristo.

Sim, criamos nossos próprios deuses, para que atendam nossa vontade e lhe damos os mesmos nomes que as Escrituras dão para o único e verdadeiro trino Deus. Criamos um Deus que aceita o homossexualismo, um que aprova o sexo antes do casamento, um que tem por objetivo lhe fazer uma pessoa rica. Nossa criatividade em criar deuses se compara com a criatividade de Deus ao criar o universo. Assim como o Senhor criou todas as coisas dizendo: “Haja luz.” – e houve luz; o homem diz: “haja deus” – e houve deuses.

Comentários

  1. Sou bem ocupada, mas vou reservar um tempimho prá ler seus artigos Um abraço!

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  2. Minha irmã, isso é motivo de muita honra para mim. Só espero que meus posts lhes sejam edificantes e valham o tempo dispensados.

    Receba meu carinho, no verdadeiro Jesus - não em seus charás.

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