A graça que nos faz ir adiante.


O homem gosta de complicar as coisas. Por mais que desejemos que a vida seja fácil e sem suas complicações, nosso pecado nos conduz às complicações que nos atrasam. Quantos de nós não estão anos a fio, presos a coisas que há muito poderiam ser deixadas de lado.

O sentimento de culpa, por exemplo, é uma das grandes complicações que nos impedem de prosseguir. Conheço pessoas que ocupam suas mentes durante anos, presos à culpa por causa de pecados cometidos no passado. Essas pessoas dizem ter pedido perdão a Deus, mas não conseguem se convencer de seu perdão. Isso não só as conduz a uma prisão de sofrimento e estagnação, como também as torna culpadas do pecado da falta de confiança em Deus. Pedir perdão a Deus e não confiar que perdoa é não confiar em sua fidelidade ao que ele diz – ou seja, a ele mesmo, não a nós. Além disso, demonstra que não achamos a obra de Cristo suficiente para cobrir algum de nossos pecados.

Outra complicação que inventamos é, que de alguma forma se liga ao que vimos anteriormente, é a insistência em pensarmos que podemos prosseguir por nós mesmos. A justiça própria é uma das maiores responsáveis por atrasos na vida espiritual das pessoas. A insistência em querer dar uma “ajudazinha” a Cristo em sua obra de justificação, continuamente nos coloca um peso sobre as costas, ao invés de tirá-lo. Nossas tentativas de alcançarmos o perdão de Deus por meio de auto-sacrifícios, como vigílias de oração, choros, boas obras, nada mais são do que a justiça própria falando mais alto do que a obra de Cristo. É a presunção humana conduzindo o presunçoso a pensar que com suas obras poderá satisfazer a Deus.

Uma última complicação que vejo muito por ai é a quem damos ouvidos. Temos de ter muito cuidado com quem escolhemos para nos guiar ou ensinar as coisas de Deus. Infelizmente, a tendência dos crentes é escolher aquele que faz mais alarde. Autointitulados líderes, pastores, bispos e até apóstolos!, alardeiam leis e pirotecnias “espirituais” que, segundo eles, abririam possibilidades infinitas para vida. Esses líderes se colocam numa posição superior a de qualquer crente, ao ponto de saberem segredos e meios secretos de se fazer com que Deus aceite nossos termos e vontades.

Paulo falou sobre essas três coisas em Filipenses 3. O mais interessante nesse texto é o modo como ele encarava essas coisas: perda; refugo (v.8). Paulo não creu na graça de Deus para alcançar o perdão. Ele confiou no fato de ser judeu, na circuncisão, nas obras da lei para se justificar diante de Deus. Ele também mencionou os líderes, aos quais chamou de cães.

Mas Paulo experimentou uma mudança muito profunda em sua perspectiva das coisas. Ele parou de olhar para essas coisas, deixando-as para trás, a fim de seguir para seu alvo: vida eterna. Refugo é aquilo que se joga fora de tão indesejável, algo que só atrapalha, portanto, para que possamos experimentar os mais profundos efeitos da graça de Deus, temos de nos livrar de todas essas coisas. Aprenda a confiar na palavra de Deus, não em suas forças. Confie nas obras de Cristo para alcançar a graça de Deus. Livre-se do peso que está sobre aqueles que não vivem na graça. Não viva mais na falta de confiança, na justiça própria e sob a liderança de cães que só desejam auto-projeção, prossiga para o que fomos chamados em Cristo. (vv.12-14).

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