Como Deus lida com o pecado.


No sermão deste último domingo iniciei o mês de Oséias. Neste ano tenho pregado em cada mês num único livro. Já passamos por Josué, Juízes, 1Samuel, Salmos, Eclesiastes e agora é a vez de Oséias.

O ministério profético deste homem é bem controverso, tendo em vista o modo como Deus quis que o profeta se dirigisse à Israel. Oséias não só deveria lançar luz sobre a infidelidade do povo em seguir o pacto, mas deveria ele mesmo viver a infidelidade. Para isso, Deus lhe deu a ordem de casar-se com uma mulher “de prostituição e ter filhos da prostituição”. De modo controverso, Oséias iria mostrar com seu casamento e filhos toda a insatisfação de Deus com aquele que seria simbolicamente chamado através de um dos filhos de Oséias de Não-meu-povo.

O profeta viveu entre os anos 750-22a.C, período da maior crise espiritual de Israel. Sua área de atuação foi no reino do Norte, que ficou com o nome Israel. Interessantemente ele situou-se no tempo de reinado de reis do sul, ou seja, Judá, citando o nome de apenas um do norte. Isso indica, justamente, a decadência espiritual daquele reino, a ponto do profeta, ou o Senhor, não reconhecer seus reis. Diante desse fato, Deus iniciou a profecia de Oséias mostrando como ele lida com o pecado.

O primeiro ponto que tratei em meu sermão foi que Deus não fecha os olhos para o pecado. O chamado, e a forma como tal foi feito, mostram que o Senhor definitivamente não estava de olhos fechados para a situação. Ele levantou um profeta com uma mensagem contundente. Essa realidade não está longe de nós. Cristo trouxe a mensagem mais contundente de todas. Sua vinda e a permanência por meio do Espírito Santo é a permanente declaração do Pai de que ele não está, nem nunca esteve de olhos fechados para o pecado. Não é porque somos seu povo que ele nos permite a licenças éticas. Todos temos de estar certos do contínuo olho de Deus sobre nossos pecados; o que nos leva ao segundo ponto: Deus deixa nosso pecado claro diante de nós.

Oséias lembrou do tempo em que Jeroboão II conquistou, ilegitimamente, o reino do norte, numa sangrenta batalha no vale de Jezreel. Esse vale, por sua riqueza natural, era símbolo da providência divina. Mesmo diante dessa realidade, o derramamento de sangue por parte da dinastia de Jeú mostrou o descaso com a lei de Deus. Oséias chama a atenção do povo declarando seu pecado. O Senhor não deixa seu povo ignorar seu pecado; sempre estamos diante da realidade de que transgredimos a lei de Deus. Como povo de Deus, assim como a pregação de Oséias lançou os pecados do povo diante dele mesmo, temos nossos pecados lançados diante de nós pela realidade dura da Cruz. O que nos leva ao terceiro ponto: Deus não nos deixa no pecado.

Nos últimos versos do capítulo 1 vemos uma promessa de restauração. O Senhor promete não deixar seu povo mergulhado no pecado. De fato, sua pesada mão é a ação de um pai cuidadoso que procura disciplinar um filho desviado e trazê-lo de volta ao caminho. A partir do remanescente fiel ele faria com seu pacto produzisse o efeito desejado: vida. Essa promessa feita por meio de Oséias foi parcialmente cumprida no AT, mas em Cristo é plenamente cumprida. Nele podemos ter nossa culpa, adquirida quando Deus nos faz ver nossos pecados, retirada. Jesus é o caminho da restauração do povo de Deus. Nele nossos pecados não só são evidenciados, mas também justificados; nele podemos sair da prisão da justiça própria e atender a voz que diz: “vinde a mim todos os que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei.”

Diante disso vemos que Deus não só não fecha os olhos para nosso pecado, como não permite que os ignoremos, mas não nos deixa jogados na podridão. A mensagem de Oséias, além de mostrar a justa e pesada mão de Deus, mostra seu amor restaurador, revelado nos remanescentes fiéis, cumprido em Jesus.

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